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O príncipio da incerteza, 1944
René Magritte (Bélgica, 1898-1967)
óleo sobre tela
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Houve tempo em que brincávamos com as mãos fazendo as mais diversas sombras. Lembro-me de passar alguns dias de férias na casa de uma família amiga, um sítio, no interior do estado do Rio de Janeiro. Era um lugar longínquo. Chegávamos de trem até a estação mais próxima e depois disso ainda íamos de charrete até o local, uns 17 quilômetros da estação por estrada de terra. Não havia eletricidade. Lampiões eram acesos assim que o sol ia se pondo. Havia lampiões em todo canto, na varanda que circundava a casa em três lados e dentro de casa. Na varanda eram dependurados, de quando em quando, dos vergalhões que sustentavam o telhado, de telhas louçadas com decoração em azul e branco. A casa de um andar só era rústica, e dependíamos de dosséis para nos livrarmos das mordidas de mosquitos e de todo outro tipo de inseto atraído para dentro de casa pela luz dos lampiões. Foi a primeira e última vez que dormi debaixo de um dossel e devo dizer, foi de grande efeito ainda que abafe um pouco o ar já quente e úmido do verão tropical. Lá, para passar o tempo das longas férias de verão, brincamos algumas noites de sombras com as mãos. Era moderadamente divertido, mas nós os jovens adolescentes de 13 a 15 anos de idade não tínhamos muito mesmo que fazer…
Essa lembrança me veio hoje, quando recebi um PPS com fotos de mãos. Não, não eram sombras. Mas mãos pintadas fazendo animais ou outras cenas. Achei-as muito criativas. São obras do artista italiano Guido Daniele de Milão. Sua breve biografia encontra-se no final. Coloco aqui algumas das imagens que recebi. É possível que você também já tenha recebido essas fotos, já que essas coisas são virais, se esse for o caso, reveja-as. Um bom domingo para todos.
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Todos os trabalhos são de Guido Daniele.
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Guido Daniele, nasceu na República Checa em 1950, mas mora e trabalha em Milão. Frequentou o Liceu de Arte de Brera de 1964 a 1968. Depois fez o curso de escultura na Academia de Belas Artes de Brera de 1968 a 1972. De 1972 a 1974 frequentou a escola tibetana Tankas em Dharamsala na Índia. Começou sua carreira de artista visual com exposições solo e coletivas a partir de 1968. Em 1990 adicionou à sua experiência a técnica da pintura corporal pintando o corpo de modelos para fotos, filmes de publicidade, eventos. Com isso conseguiu unir as tradicionais técnicas do retrato, da pintura a óleo e da fotografia, trazendo para elas o conhecimento que tem da escultura, do objeto tridimensional. Em 2000 começou a sua obra MANI ANIMALI [mãos animais] que o projetou internacionalmente.
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